quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

A dúvida cruel: Como comprar a primeira guitarra?



Bem, como muitos músicos que pretendem iniciar no mundo da guitarra, muitos ainda tem a famosa indecisão que se repete a todo momento em suas cabeças:
                                                                                         "Afinal, qual modelo de guitarra eu devo comprar?"

Pois é, até mesmo quem possui muitos amigos experientes no assunto, ainda possuem essa clássica e frequente dúvida, e é por isso que escrevo esse texto, para (TENTAR) te ajudar a tomar a decisão certa, para depois não se arrepender de sua compra, então, vou explicar em detalhes sobre cada modelo famoso de guitarra com suas especificações técnicas (detalhadas, mas ao mesmo tempo em um pequeno resumo para que os mais leigos entendam mais fácil) , então, o artigo será "um pouco" longo, mas enfim, vamos lá:


Captadores:


Single Coil,

Como antecipado por seu nome (caso você saiba inglês), ele possui somente uma bobina de captação. Mais versátil e barato, ele proporciona um som "magro", menos encorpado, ideal para vários estilos, combina bem tanto com distorção, ou sem distorção. Apesar de ser mais versátil, ele vem com um defeito famoso, o ruído criado pela estática no instrumento. Não importa se o seu instrumento tem a melhor blindagem estática (dependendo do seu caso claro), o melhor captador single coil do mundo, com os melhores materiais e a construção mais bem feita, sempre ele irá produzir um ruído estático em seu amplificador, o que apesar de alguns casos, servir pra dar um efeito "Badass" em algumas bandas e gravações, chega a ser desagradável após algum tempo, por isso, existe uma opção secundária de captação, que mesmo assim, é bastante conhecida no mundo dos instrumentos;


Humbucker, ou Humbucking,

É um captador duplo, ou seja, possui duas bobinas de captação, como se fosse dois singles acoplados juntos. Como o nome já anuncia, esse captador teve o conceito de captação dupla para eliminar o ruído causado pela estática. Para se entender melhor, "Hum" é o termo técnico para "Ruído Estático", ou simplesmente ruído, e "Buck" significa eliminar, cancelar, pois vem da expressão "Buck the Hum", que literalmente significa "Eliminar o Ruído", esse cancelamento do ruído ocorre pois uma das bobinas do captador possui a fase invertida, eliminando assim o ruído. Possui um som "gordo", mais encorpado em relação ao captador Single, ideal tanto para o som limpo ("Clean", ou, sem efeitos ou distorção), como também serve maravilhosamente para distorções fracas e fortes, pois além de possuir um som encorpado e "pesado", elimina a possibilidade de ruído causado pela distorção forte. Apesar de a maioria das guitarras possuir somente um tipo de captador, existem modelos que combinam os dois tipos de captador. Existem também dois tipos de captação dos captadores (pois é, pensou que era só isso?), que é a captação passiva (presente na maioria dos captadores, pois não se utiliza baterias ou pilhas para alimentação dos captadores), e a captação ativa (necessita de baterias ou pilhas, dependendo do modelo, para que os captadores funcionem), os dois tipos de captação funcionam muito bem, se bem que a captação ativa tem a qualidade um pouquinho maior que a captação passiva, mas, tenho certeza que você não irá carregar pilhas pra todos os lados para poder tocar não é? Agora que já falamos dos tipos de captação para guitarra vamos aos modelos dos instrumentos:



"Telecaster"

Esta belezinha, conhecida por muitos como "A Primeira Guitarra de Corpo Maciço feita sob produção em massa da história", foi desenhada por Leo Fender no fim dos anos 1940, e lançada pela Fender em 1950, empresa que inclusive recebe o nome de Leo, desenvolvedor da guitarra. Possui dois captadores single (a da foto deve ser uma edição especial, por isso possui um captador humbucker ao invés de outro single), possui geralmente o corpo feito em AshAlder, ou Choupo (conhecida também como Álamo), braço em Maple, e a escala em Maple ou Rosewood. Seu som é bem estalado, possui muitos médios definidos, muito boa em som limpo para Country, e som distorcido para Hard Rock (embora seu uso não seja geralmente esse) e Rock Clássico. Usuários notórios: Jimmy Page do Led Zeppelin (em alguns discos do Zeppelin, combinando sua "Tele" algumas vezes com outros modelos que possui), Keith Richards dos Rolling Stones (sendo essa sua fiel companheira em sua carreira), George Harrison dos Beatles (embora, existam poucas aparições realmente notáveis de Harrison com esse modelo, e uma dessas aparições é justamente no fim dos Beatles, no filme-documentário "Let it Be", e também no álbum de mesmo nome).



"Les Paul"

Imagine um instrumento pesado, com som pesado e gordo, design clássico e bonito, que seduz quase qualquer guitarrista no mundo, usada por vários guitarristas consagrados no mundo inteiro, pois então, diga olá para a querida e grandiosa "Les Paul". Essa obra de arte foi desenhada pela Gibson em parceria com o guitarrista Les Paul, cujo esse apelido dá nome à guitarra, após verem o sucesso de vendas que foi a Telecaster, a primeira guitarra de corpo maciço a ser fabricada em larga escala. De primeira, a Gibson somente fabricava guitarras semi-acústicas (as quais alguns parágrafos abaixo estarei escrevendo sobre ela), pois achava que guitarras de corpo maciço seriam um fracasso de venda, assim, não caindo no gosto do público. Porém, essa ideia mudou imediatamente quando a Telecaster da Fender foi lançada, os guitarristas ao perceberem o tamanho reduzido, a praticidade maior, e a versatilidade incrível das guitarras de corpo maciço, resolveram re-contatar o Les Paul, ele que há um tempo antes havia sido motivo de chacota dos funcionários da empresa ao apresentar seu protótipo. A Les Paul, originalmente fabricada em 1952 geralmente possui dois captadores Humbucker (ou, captadores duplos), proporcionando um som bem encorpado e gordo, ideal também para distorções e drives, criando um som bem pesado e quente (dependendo da força e tipo da distorção que você usar), além disso, cancelando o ruído causado pelo alto ganho de algumas distorções, assim, você terá a máxima fidelidade de som para perturbar seus vizinhos à vontade o dia inteiro... Possui o corpo geralmente em Mahogany, o braço em Mahogany ou Maple, e a escala em Rosewood, Ébano, Maple ou Richlite. Possui ponte fixa do modelo Tune O' Matic, ou seja, nada de alavanca em Les Pauls! Esse modelo é bastante usado no Hard Rock, devido ao seu som pesado, também usada no Rock Clássico e no Blues, sem falar no Heavy Metal, por sua ausência de ruído, os metaleiros poderiam usar qualquer distorção fodidona que o som iria ficar sem ruído algum (pelo menos, essa é a proposta da Les Paul e do Humbucker), mas não espere ver alguém cantando e tocando Reggae com esse modelo de guitarra, nem recomendo que você faça isso, mas isso não é regra, portanto, sinta-se livre para desfilar com sua Les Paul... Usuários notáveis: Jimmy Page, Slash (ex-membro do Guns n' Roses), Zakk Wylde, guitarrista do Ozzy Osbourne.


"Stratocaster"

A primeira imagem que se tem ao ouvir-se a palavra "guitarra", é a imagem de uma Stratocaster, extremamente popularizada hoje em dia, pois pode-se ver uma montanha de "Stratos" em praticamente qualquer loja em que você entre. Essa amiguinha foi desenhada por Leo Fender, George Fullerton e Freddie Tavares logo após o lançamento da Telecaster, e lançada em 1954. A "Strato", assim conhecida por nós brasileiros, foi projetada para ser uma guitarra versátil, que poderia se adequar a praticamente qualquer estilo de música, tendo essa missão cumprida com muita honra. Possui o corpo feito em muitas madeiras, assim como suas outras partes, mas as madeiras mais tradicionais encontradas na Stratocaster são Alder, ou Ash no corpo. Como mencionado anteriormente, ela pode ser tocada em vários estilos, desde um Hard Rock dos pesadões até um Reggae bem drogadão, dando uma passada pelo Heavy Metal com seu som extremamente distorcido e bagunçado, mas nesse último gênero, existe o problema do ruído gerado com o single, por isso, além das Stratos somente possuindo captadores Single, existem modelos que possuem Humbuckers para atender à essa tribo do Metal. Usuários notáveis: David Gilmour, ex guitarrista do Pink Floyd, Jimi Hendrix, Chimbinha (o rei da guitarra haha), e Eric Clapton (com sua coleção de mais de 100 Stratocasters).

"O Criador criando sua Criação"...


"Gibson SG, ou, modelo SG"

Esse é um modelo secundário da Gibson, mais versátil e mais leve, sendo assim mais fácil de carregar e mais confortável de tocar. Esse modelo é um dos que eu mais desejo ter, e meio que tenho um pouco de arrependimento de não ter pesquisado mais e comprado uma SG, não que ela tenha um custo absurdo de caro, mas sou exigente, e procuro uma SG o mais parecida com a SG do Angus Young (guitarrista do AC/DC, usuário extremamente notável desse modelo), mas onde eu moro é um tanto difícil de encontrar uma igual ao modelo que almejo e desejo com todas as minhas forças. Essa guitarra com design "Endemoniado", com os cutaways em cima e em baixo, imitando mais ou menos os chifres do tinhoso, foi desenhada pela Gibson e lançada em 1961, assim dando nome ao clássico modelo "Gibson SG 1961". Possui o corpo geralmente em Mahogany, Birch Laminado ou Maple, o braço também em Mahogany, Birch Laminado ou Maple, e a escala em Rosewood, Ébano, Maple ou Richete. Possui dois Humbuckers, com algumas variações assim como a Les Paul (possuindo tanto Humbuckers com a capa ou sem a capa), tem seu som "gordo" assim como a Les Paul, seu modelo-irmão, porém, um pouco menos encorpado, sendo ideal tanto pra bases quanto pra solos em Hard Rock. Usuários notáveis: Angus Young, assim citado anteriormente, Robby Krieger, Pete Townshend.


"Flying V"

Esse modelo é um caso a parte. Lançada em 1958 pela Gibson, a "Flying V" de primeira não agradou muito, sendo assim retirada do mercado pouco tempo após o lançamento. Mas após alguns guitarristas começarem a popularizar esse modelo, ela teve sua reedição em 1967, com algumas modificações. Possui o corpo em formato de "v", tornando-a desconfortável e certas vezes confusa de se tocar, tem um timbre mais magro em relação ao som de suas irmãs SG e Les Paul. Existem algumas variações técnicas, mesmo assim uma guitarra dessas não é das mais populares, mas chega à atrair pelo formato diferente.

"Legal, mas é só isso? E as semi-acústicas?"

"Peraí, isso ai é o quê exatamente? Um violão ou uma guitarra?"

Você, leitor mais experiente, já deve ter notado que faltou falar das guitarras semi-acústicas, e concordo com você, então, vou informar você um pouco sobre elas. À início de conversa, esse tipo de guitarra é o mais antigo que existe, sendo possível sua execução tanto em amplificadores quanto desplugada, devido à suas aberturas em formato de um f. Não é muito adequada para iniciantes, nem é aconselhável usá-la com distorções muito fortes, pois com certeza isso irá gerar o desagradável feedback. Uns dos usuários mais notáveis desse modelo é Chuck Berry, e claro, Marty McFly (quem assistiu "De Volta pro Futuro" vai entender...). Então pessoal, esse foi o nosso artigo de hoje, espero que tenham gostado, e que escolham bem o seu instrumento, e sucesso em sua carreira! agora vou-me embora tocar um pouco vlw flw!

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Raul Seixas, a eterna Metamorfose Ambulante, e seu disco de 1974, o Gitâ...

Raul Seixas, um cara polêmico, irreverente, misterioso, porém, sincero.

Quando se fala em Raul, logo se lembra do eterno Maluco Beleza, de sua Metamorfose Ambulante e sua Paranoia que o fizeram virar o nosso querido Raulzito, o inesquecível Cowboy Fora-da-Lei, que sonha um sonho que até hoje que é realidade...



Durante todos esses anos, a obra de Raulzito vem sido cada vez mais conhecida e descoberta por muitos fãs de música no Brasil inteiro, claro que isso se deve em maior parte aos sucessos de seu primeiro álbum, "Krig Ha Bandolo!"; e também à seus sucessos de "Novo Aeon"; e "Há 10 Mil Anos Atrás". Mas uma grande parte de sua fama se deve justamente ao seu álbum lançado em 1974, o tão conhecido "Gitâ".

     Eis aqui algumas fotos do álbum (LP) de que estamos falando nesse artigo:









Então, voltando à história do disco: "Gitâ" começou a ser gravado no início de 1974, e lançado mais ou menos em Julho-Setembro daquele mesmo ano. O ano de 1974 foi uma época muito conturbada para Raul, pois foi justamente no início daquele ano que ele se separava de "Edith", sua esposa até a época (vale lembrar que Edith e Raul tiveram um longo romance, que começou logo no início dos anos 60, quando os Panteras, a primeira banda de Raul, haviam se formado), desde então, o cantor se "encabeçou" com as idéias da "Sociedade Alternativa", uma espécie de "Sociedade Fictícia" criada por ele mesmo e seu melhor amigo na época, o escritor Paulo Coelho. A Sociedade Alternativa era uma "sociedade" baseada na "Lei de Thelema", criada pelo bruxo inglês "Aleister Crowley". Detalhe: inclusive, os álbuns: Gitâ; Novo Aeon; Pedra do Gênesis e outras obras do Raul (musicais ou escritas) que fazem menção à Sociedade Alternativa, recebem o famoso carimbo "Imprimatur" da Sociedade Alternativa.



Foto: Reprodução do selo "Imprimatur/Sociedade Alternativa".



Após as gravações de "Gitâ", enquanto tudo estava sendo mixado e preparado para o lançamento, Raul foi capturado e levado ao DOPS, um dos mais famosos centros de tortura durante o Regime Militar. Após passar alguns dias no DOPS, sofrendo de diversas torturas e vários interrogatórios, o que causou um profundo trauma na mente do cantor, Raul foi "convidado" à sair do Brasil, e assim ele foi aos Estados Unidos, onde ficou por mais ou menos um ano. Por uns tempos, o cantor "passou fome" em Nova York, local aonde se dirigiu após ser expulso do Brasil, andando nas ruas e descobrindo coisas novas, conheceu Jay Vaquer, guitarrista que iria a se juntar com os músicos de Raul em breve, junto com Jay Vaquer, Raul conheceu Glória Vaquer, que por coincidência, seria sua próxima esposa.




Primeira parte da entrevista de Raul em que ele fala mais sobre sua carreira.



Para falar desse "exílio", é impossível não falar do famoso encontro do Maluco Beleza com John Lennon, na época seguindo carreira solo sendo um ex-beatle (se bem que ex-beatle não existe, pois uma vez beatle, sempre beatle...), a versão mais conhecida dessa história foi contada no programa do Jô, em 1989, poucos meses antes da morte de Raul, em que Lennon e Raulzito falaram sobre algumas coisas do mundo, se conheceram, e depois do encontro, cada um seguiu seu caminho...




Trecho da famosa reportagem do Raul no programa do Jô, onde o cantor conta algumas histórias relacionadas à sua carreira na época.



Enquanto isso no Brasil... o Gitâ estourou nas paradas, se tornando disco de ouro por vender mais de 600 MIL cópias, um número de vendas enorme até mesmo para a época, que rendeu à Raul a sua volta ao Brasil em 1975. Durante muito tempo, Gitâ se tornou um dos álbuns mais emblemáticos da carreira do Cowboy Fora-da-Lei, e aqui está uma breve análise sobre as músicas das quais estão presentes no disco:

Super Heróis: Seu riff inicial junto com a intro da guitarra lembram vagamente um belo rockabilly no estilo "anos 50", porém, segundos depois, se revela um Blues contagiante com uma letra divertida, porém, meio aleatória.

Medo da Chuva: A intro da guitarra lembra um pouco o Blues, após a introdução, é iniciada uma letra que Raul escreveu "em homenagem" à sua ex-esposa, Edith. Sendo essa música uma das mais bonitas e filosóficas músicas já feitas por Raul, todo fã que se preze com certeza já pelo menos ouviu falar da música.

As Aventuras De Raul Seixas Na Cidade De Thor: Música de nome longo (tive que dar Ctrl+C, Ctrl+V de preguiça para digitá-la) e com uma das letras mais contra-culturais e críticas (de um certo modo, de forma humorística) já escritas na década de 70. Música que deu nome ao livro que Raul escreveu em 1983, faz vir imediatamente à cabeça um baião, muito similar ao baião do mestre Luiz Gonzaga (vale lembrar que Gonzaga foi provavelmente um dos primeiros ídolos de Raul. Muitas fontes inclusive dizem que Gonzaga foi inclusive ídolo de Raul até mesmo antes do Elvis...).

Foto: Gonzaga, ainda quando jovem (provavelmente entre 1935-1943)

Já no fim da canção, o cantor faz uma revelação: "Raul Seixas e Raulzito sempre foram o mesmo homem". A brincadeira foi feita pelo cantor para revelar que Raulzito, o líder da antiga banda "Raulzito e os Panteras" era na verdade o próprio Raul Seixas. Detalhe: Os Panteras ainda lançaram o seu primeiro (e único) LP em 1968, pela Odeon (na época, a EMI no Brasil), que como alguns fãs de Raul já sabem, foi um puta fracasso comercial (o que ganhará um artigo exclusivo um tempo mais tarde, quem sabe...).

Foto: Capa do LP em questão, além de ter sido um fracasso comercial, ainda é pouco conhecido (mas nem tanto).

Água Viva: Melodia simples e tranquila, acompanhada com orquestra e o violão de Raul, possui uma letra misteriosa e tão filosófica quanto "Medo da Chuva".

Moleque Maravilhoso: Canção que lembra facilmente as antigas baladas norte americanas, com facilidade faz o ouvinte pensar que está passeando em um Chevrolet Bel Air à noite na cidade dos cassinos, a cidade de Las Vegas dos anos 50 (uma experiência imersiva e bem original). A música é de certa forma "auto-biográfica", pois conta de certa perspectiva sobre a fase rebelde do Raul, nos anos 50, quando descobriu o Rock n' Roll de Elvis, Little Richard, etc...

Sessão das 10: Essa é uma velha conhecida, presente também no álbum "Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10", da segunda banda de Raul na fase CBS, a "Sociedade da Grã-Ordem Kavernista", é uma regravação, que lógico, levou toda a fama na época do Gitâ, sem falar que lembra com fidelidade os clássicos Boleros dos anos 40 e 50, que eram um grande sucesso no Brasil.

Sociedade Alternativa: "Faze o que tu queres, há de ser tudo da lei". A clássica citação já diz tudo, a canção que o Maluco Beleza canta a Sociedade Alternativa, seu sonho da "Sociedade onde se pode tomar banho de chapéu, ou quem sabe, esperar Papai Noel, o disco de Carlos Gardel...", famosa por se tratar de um tema pouco explorado musicalmente na época, principalmente no Brasil, onde estava presente uma massa conservadora em relação à temas religiosos (A Lei de Thelema, a qual a música se baseia, segue os princípios de Aleister Crowley, além de bruxo inglês, era, digamos, "satanista", de acordo com 99% das fontes). Foi esta música que chamou mais a atenção dos militares da época (governo de Geisel), que acusaram a música de promover idéias comunistas.

Trem das Sete: Mais uma canção que lembra o baião, mas com uma fórmula renovada. Esse é um daqueles grandes clássicos que todo fã gosta/já ouviu falar. Fez parte do compacto lançado ao mesmo tempo que o álbum, sendo um dos grandes sucessos do cantor. Simplesmente, uma bela homenagem ao nordeste, além de possuir letra "autobiográfica", pois retrata com outras palavras as viagens que Raul fazia no interior (seu pai possuía uma profissão como mecânico ferroviário, ou algo semelhante, e o pai levava o cantor, na época sendo adolescente, nas suas viagens, por isso, várias músicas de Raul falam sobre trens).

S.O.S: Um country bem humorado com uma letra bem original, e com a famosa citação dos "Discos Voadores", assunto que ficou na cabeça de Raul por muitos anos. Detalhe: Raul quase sempre afirmou com certeza que já sofreu uma abdução alienígena, óbvio, por meio de um disco voador. Quer seja verdade, ou somente uma pequena viagem provocada pelo famoso "cigarrinho da tarde", isso com certeza deu inspiração à um grande clássico.

Prelúdio: A letra já fala tudo. A música se assemelha à um sonho, com o mistério, a tranquilidade, e subitamente, a agitação rápida de um sonho em uma noite dormida, que se extingue tão rápido quanto a luz de um relâmpago.

Loteria de Babilônia: Que já fique claro, o nome da música não tem quase nada relacionado à letra (pelo menos, não há nenhum trecho em que se diga: "... Loteria de Babilônia... Loteria de Babilônia!). Foi a música que levou pela segunda vez o sucesso à Raul em 1973, durante o Phono 73, uma das mais conhecidas e "raras" apresentações do cantor, pois a gravação original (REALMENTE GRAVADA AO VIVO), dificilmente seria encontrada em algum vinil/CD, além das filmagens, que até hoje não receberam nenhum relançamento restaurado. Detalhe: Algumas pessoas se dirigem à música como "Loteria de Babilônia", e outras que se referem como "Loteria da Babilônia". Isso se deve à uma confusão de nome no lançamento original e em relançamentos, e até agora, pouco se sabe sobre seu nome original. Segunda observação: A versão presente no Gitâ, não foi gravada ao vivo, como muitos pensam. Ela foi na verdade gravada (e editada/mixada) em estúdio, para parecer que foi gravada ao vivo.

E finalmente: GITÂ: O grande clássico que dá nome ao álbum. Frequentemente atacada por religiosos por "fazer apologia ao demônio". Mas o que essas pessoas não sabem, é que ela na verdade é uma "homenagem" ao livro "Bhagavad Gitâ", uma alusão aos três deuses Hindus: Sheeva, Brahma, e Krishna. Raul escreveu essa música com a ajuda de Paulo Coelho, que lhe apresentou os livros exotéricos, e inclusive, o livro "Bhagavad Gitâ", o livro religioso dos indianos, que deu origem à esse clássico inesquecível da música brasileira.

Então, é isso pessoal, espero que tenham gostado da postagem. Após algumas semanas de pesquisas sobre o disco, aqui estou eu terminando de escrever o artigo ao som de "Gitâ". Compartilhem para seus amigos que também são fãs do Raul, e à fãs de música também. Então, mais uma vez, espero que tenham gostado do meu trabalho aqui, até mais, muita paz e boa música à todos. (Quem tiver alguma sugestão de artigo, que entre em contato comigo!).